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Mês: dezembro 2016

Era uma vez

Era uma vez

Ou não era. Quer dizer, no começo, até era. Era bem divertido. Clara era uma dessas porras loucas que tinha vários jobs, sabe? E Maurício… Bom, imagina um cara todo certinho, regrado, quadrado… Imaginou? Agora exagera nessas features. É ele. Diziam que ele bem que merecia o nome, Mauricinho. Mas isso não vem ao caso agora. O lance é que foi na festa da firma, num bar que fecharam na Vila Madalena. Ele estava lá de bom funcionário participativo, ela…

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A morte deixa sequelas

A morte deixa sequelas

A vida por um fio, o corpo ligado a dezenas deles. Uma máquina sanfonada que empurra e puxa o ar violentamente. Dosagens de remédio frias controladas eletronicamente. Um quadro branco com números rígidos. Ele não vai acordar. Hospital, recepção, elevador, liberação de visita, UTI. No leito ao lado, a médica avisa: vocês vão para o quarto ainda hoje. Do outro lado: amanhã, acho que vão para casa. Gente sorrindo, comemorando, alívio. Na vez dele… Ele não vai acordar. Bipes incontáveis….

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Acabou

Acabou

Quer dizer, já tinha acabado. Eu soube antes dele. Vi os laços se desfazendo, os interesses incomuns. E agora uma discussão que ele finaliza com “minha avó disse que é pecado”. Não me leve a mal, eu adoro avós, respeito os mais velhos. Mas essa argumentação. Não. Não dá mais. Oportuno? Oportunista? Ou oportunidade? Têm a mesma raiz. Vou aproveitar a última que carrega a melhor prosódia semântica e dizer a ele que acabou. Sem culpa. Isso, eu deixo pra…

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Visita de grego

Visita de grego

Bip, biiiiiiiiiiiiip. Ela sabe que já dei janta pra molecada, mandei escovar os dentes, botei na cama… Amanhã é segundona, pô. Vou atender da janela. – Oi, Tica! Vocês estão em casa, que bom! – É, né, que coisa. Quem diria que se encontraria alguém em casa no domingo, às 21h34… Que surpreendente… Difícil mesmo eu estar em casa neste horário. – Achei que você podia ter saído com os meninos. Fez um dia tão lindo! – Fez, né? Quando…

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Fim de papo

Fim de papo

– Entendeu, né? – Está claro, somos superiores. – Isso! – O mundo é nosso. Mandamos e desmandamos como quisermos. Mesmo que eu não consiga coçar minhas costas. – Pra que coçar as costas? Os pequenos se curvam a você, faça com que cocem! – Boa! Depois, peço que palitem meus dentes também. – Oi? – É que eu não alcanço minha boca. – Para com isso! Com dentes desse tamanho, até cárie foge de medo! – Isso é verdade….

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O jantar

O jantar

– Quem canta mesmo aquela música da menina que tem a pose exata para fotografar? As mãos dela firmes em cima da mesa. O garfo e a faca continuam no mesmo lugar. Desde que viu aquilo, sabia que teria que fazer algo. Só não sabia como. E ele falava com um sorriso. Não notou. As mãos dele desenham no ar cada palavra. Aquele sobrenome esquisito deve ser mesmo italiano. O anel do dedo do meio da mão direita acompanha o…

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