Ser romântico é…
Mentir. Descaradamente. O quê, você discorda? Pois vamos aos fatos.
Você já ouviu o Frejat dizendo que, por você, ele dançaria tango no teto, limparia os trilhos do metrô, iria a pé do Rio a Salvador? Romântico demais.
E quando os Backstreet Boys diziam que nunca iam partir seu coração, te fazer chorar? Que prefeririam morrer a ficar sem tu? Arco-íris de corações jorram das caixas acústicas.
O seminarista Eugenio, já na qualidade de sacerdote, quebrou seus votos de castidade pelo seu amor de infância, Margarida. E o sentimento é tão arrebatador que ele literalmente enlouquece.
Vamos mais longe: Romeu se matou pela Julieta, depois de ambos renegarem suas famílias. Gente, é amor até dizer chega! Lindo, né? Ou não?
Fala a verdade. Sério. Você conhece alguém que fez ou faria isso? Melhor ainda! Não precisa responder nem admitir pra mim, mas seja sincero em pensamento: você também não faria, né? Eu sei que não…
Aí, você me diz: como conquisto alguém dizendo a verdade? Tipo, “você é gata, mas tua voz é muito irritante” ou “cara, você é gostoso, mas sua roupa é uó de brega”. A pessoa não vai te querer falando assim, você não vai ganhar ninguém. Não rola.
Os filmes, os livros, as músicas, a tia Lucinha que te deu aula na quarta série, sua prima bem-casada e mãe de três pimpolhos que são o capeta, sua avó de Cesáreo Lange… Todas essas influências te ensinaram que ser romântico é acreditar que tudo é perfeito.
Quando você diz que faria tudo por alguém, pode pressupor que homicídio faz parte da lista, mas você nem liga – espera-se que você diga mesmo que mataria pela pessoa. Poxa, quando você dá um buquê a alguém, matou as flores! Assassinato faz mesmo parte.
Declarar seu amor é exaltar as qualidades incríveis e dizê-las incontestáveis. Nunca admita que existem defeitos. Amar é prometer tarefas hercúleas (semi)impossíveis, é se doar sem limites, o que inclui dar sua vida (sim, morrer – não basta só matar) pela pessoa. Mesmo que seja uma baita balela, uma mentira descabida. O que vale é a intenção romântica. Né, não?
Afinal, como se sentir romântico ou amar um serumaninho que peida na cama?