Todas as conversas após o fato
Agora eu sei. Mas, cara, eu não tinha ideia! Então, sei que vão me perdoar. Faltou mesmo empatia, e foi por pura ignorância. Quer dizer, eu solidarizei, mas, ó, nem de perto o que devia. Preciso falar com esses amigos depois, pedir desculpas.
O tempo? Que nada, mentira! Pode passar quanto tempo quiser, continua ali. Presente, sentado à mesa, no banco do carona no carro, no barulho da porta abrindo. O relógio não é seu amigo. Balela, isso aí. Coisa que inventaram pra te tranquilizar. Tipo, Papai Noel, ter controle ou segurança econômica – não existe.
Se você pode ajudar? Meu, a pia tá entulhada de louça. Quer ir lá lavar? Tem roupa para passar também. Detesto passar roupa. Não é cara de pau, você perguntou! Ah, e tem umas contas atrasadas e….
Você só queria emprestar o ombro? Não vou abusar do seu ombro. Acredite, a louça vai ser um lance mais tranquilo. Não? Tá bom. Companhia, eu não quero, não. Agora, não. Fica pra próxima. Tem papel pra organizar, um monte de vias de documentos que dizem a mesma coisa e imposto. Putz, tem imposto a dar com pau. É, eu sei que você não entende nada disso. Tudo bem. Tomara que nunca precise. Oxalá!
É, te ligo, sim, se precisar. Você não quer lavar a louça e não sabe fazer inventário. Ombro, eu tenho dois já, thanks. Mas ligo, sim, claro. Até mais. Obrigada, viu?